Entrevista: Saiba se está na hora de você mudar de emprego!

Entrevista: Saiba se está na hora de você mudar de emprego!

Entrevista concedida ao Jornalista Eduardo Prestes sobre o tema: “Saiba se está na hora de você mudar de emprego/empresa”.


Quais fatores devem ser considerados na troca de emprego?

Deve ser feito um exercício de prós e contras, de forma prática mesmo, pegando um papel e descrevendo tudo o que tem na empresa atual e o que deseja para a carreira e futuro profissional, avaliando cada item no detalhe, compreendendo qual a empresa em que a pessoa gostaria de estar, visualizando e construindo o cenário mental daquele local. Coisas como: distância, localização, porte da empresa, oportunidades de carreira, remuneração, treinamentos, equipe, valores e benefícios devem ser levados em consideração, nem sempre se deve trocar apenas por questões financeiras.

Se uma pessoa passou muito tempo em uma empresa isso pode ser um motivo para trocar de emprego?

Hoje em dia não se tem visto mais com preconceito quem fica bastante tempo em uma mesma empresa. A questão é não parar de estudar, se especializar, aprender, trocar, fazer cursos, networking, conhecer pessoas que fazem as mesmas atividades, diversificar os conhecimentos. Uma pessoa pode ter passado muito anos numa mesma organização, mas, houve mudança de cargo, diferenciação das atividades, promoções?

O que vai prevalecer é não ficar estacionado, parado. A ideia é sempre evoluir. Não indico sair de uma empresa apenas por estar nela há anos, as motivações devem ser outras, como: oportunidade de carreira, crescimento, aprendizado. Uma pessoa nunca pode pensar que está segura em um lugar, tem sempre que ter o plano B, C e as demais letras do alfabeto, pois, em um momento difícil, terá resiliência e mais capacidade para se levantar rapidamente.

Antes de pensar na troca é preciso fazer alguma relação com a crise que o país vive?

Claro que sim, é importante estudar um pouco sobre as projeções econômicas e seu futuro: “se eu ficar parado um tempo, consigo me sustentar até quando?” É importante fazer um apanhado das empresas e seus segmentos. Por exemplo, a pessoa atua em um setor que está mais fortemente em crise? Vimos isso recentemente com a Construção Civil, a Indústria Automobilística. Por outro lado, segmentos como Tecnologia da Informação, E-Commerce, Marketing Digital, vem crescendo. O importante é avaliar com critério, sem pressa e com planejamento detalhado.

O trabalhador deve ficar esperando um convite ou deve procurar por si mesmo outras empresas quando não está satisfeito?

Jamais, a ideia é nunca parar de olhar o mercado. Se estiver insatisfeito, deve buscar vagas de seu interesse e, principalmente, entender o que as empresas estão pedindo, se o seu inglês não é avançado, busque estudar e se desenvolver. Cada área têm suas exigências técnicas e isso deve ser levado em conta. Bons profissionais não necessariamente estão sempre trocando de empresa mas, estão sempre de olho no mercado, inovações e tendências. Muitos profissionais fazem inclusive serviços voluntários em apoio às entidades religiosas, escolas e outros grupos para se manterem atualizados e sempre em contato com outras pessoas. Já se foi o tempo em que a estabilidade era o mais importante. Nos tempos atuais, em que tudo mudar muito rápido, estar antenado é essencial.

Existe um passo a passo?

Mesmo que a pessoa esteja bem em uma empresa, deve manter seu currículo atualizado, bem feito e sempre à mão, deixar suas redes sociais profissionais bem preenchidas, fazer constante networking, ajudando e sendo ajudado, realizar treinos de entrevistas com profissionais qualificados para estar preparado em um momento de convite para um processo seletivo – que na maior parte das vezes é uma situação que causa ansiedade pois, a pessoa será avaliada tanto nos aspectos técnicos quanto comportamentais. Além disso, processos como terapia, coaching e outros ajudam o profissional a se conhecer melhor, tanto seus pontos fracos quanto fortes, permitindo mais segurança na hora de falar de si mesmo. É difícil entender onde podemos melhorar se não conhecemos nossas fraquezas e fortalezas. O profissional não deve pensar que o desenvolvimento tem que partir da empresa que o contratou, por si só ele deve buscar evolução.

Ter primeiro uma proposta definida pode ser um ponto de partida? Que fatores contam? Será que só a proposta salarial é suficiente?

Sim, é importante entender aonde se quer chegar, quais as necessidades e realizar um planejamento para o futuro, em curto, médio e longo prazo. Profissionais que simplesmente trocam de emprego sem critério definido podem ter uma dor de cabeça logo adiante, pois, esta é uma tarefa que deve ser realizada de forma assertiva. O que conta para um pode não contar para o outro, uma pessoa pode se preocupar mais com salário, a outra com localização, por isso é importante conhecer a si mesmo, entendendo valores e necessidades. É muito importante estudar uma empresa assim como se estuda um carro antes da compra, vermos se tudo está funcionando, se atende às nossas necessidade e quais benefícios aquilo nos trará, vendo também o que poderemos agregar à determinada empresa.

Que outras motivações são importantes?

Analisar junto da família a mudança, entender os benefícios oferecidos, as possibilidades, quais são as perspectivas pessoais e da empresa para a qual se está migrando. Será que esta empresa está com suas finanças em dia? É um mercado que tem futuro, terei oportunidade de aprender, alcançar outras posições, por exemplo? Para algumas pessoas, ser líder é missão de vida, é importante, será que esta pessoa conseguirá alcançar estes cargos? É uma organização que me permitirá desenvolvimento pessoal e profissional? Que incentiva os estudos? O mínimo alinhamento da empresa com o profissional é necessário. É uma corporação em que terei que viajar toda semana? Consigo administrar isso? Tudo deve ser levando e consideração antes da troca.

Fatores como plano de carreira e identificação com a cultura da empresa são importantes? Por quê?

Se planejar é sempre importante, quem não sabe aonde quer chegar não saberá tomar os passos corretos para alcançar o que deseja. Devemos sempre fazer uma autoanálise sincera, compreendendo em que ainda podemos melhorar e o que estamos dispostos a fazer pelo nossos sonhos. Devemos dedicar menos horas à televisão e mais à leitura? Teremos que fazer um planejamento financeiro para encaixar algum curso? Podemos fazer aulas gratuitas on-line? Recorrer aos sites de profissionais de destaque para conseguirmos dicas sobre carreira e nosso ramo de atuação? Além disso, identificar-se com a cultura da empresa é essencial. Lembro de caso de um jovem em início de carreira que foi trabalhar no seu primeiro dia de terno e gravata. Chegando lá viu que o ambiente era muito descontraído e nem o seu Gerente estava vestindo assim. É só um simples exemplo e que logo pode ser contornado, mas, e se fosse algo mais grave? Algum valor da empresa, o cenário, a forma de trabalho, o clima organizacional que realmente não combinam com a personalidade daquele profissional? Será que um bom salário será suficiente? Nem sempre. Tenho um outro exemplo de um cliente que se preocupa muito em desenvolver seus liderados, os trata com respeito e estimula o trabalho em equipe. Porém, foi parar em uma empresa que só foca nos resultados financeiros. Adivinhem? Ele está infeliz, claro. O cenário não combina com ele.

Avaliar se há possibilidade de crescimento em um novo emprego e se os objetivos estão alinhados a metas pessoais sãos aspectos que devem ser levados em consideração? Por quê?

Claro, se eu tenho certo interesse e ambição em crescer, estarei satisfeito em uma empresa que não dá oportunidade? Ou em uma organização em que as promoções levam muito mais temo do que a maioria? Por isso, repito, conhecer a si mesmo profundamente é entender o que está ou não alinhado com suas motivações e planos.

É possível também o trabalhador querer sair do emprego para montar um negócio próprio. Mas é preciso manter-se no emprego até ter certeza de que é o momento certo chegou? Como avaliar qual é a ocasião mais propicia para isso?

Não necessariamente a pessoa deve ficar empregada até realizar seu sonho, alguns conseguem inclusive levar atividades paralelas por um tempo. Mas, novamente, aqui entra o planejamento. Uma cliente abriu um e-commerce de maquiagem e conseguiu se manter por 6 meses antes que a empresa pudesse gerar lucro. Porém, para isso, continuou trabalhando até conseguir acumular um valor que apoiasse nessa mudança, sem sustos financeiros.

 

A verdade é que estar feliz fazendo a sua atividade é importante, empreender é delicioso mas, tem que ser feito com critério, analisando cada gasto e os investimentos necessários para amanhã não ficar endividado. Além disso, nem todos têm perfil para o empreendedorismo no sentido de ter um negócio próprio, isso também deve ser levado em conta. Importante também é entender que o empresário não fará apenas aquilo que gosta, que é o seu sonho, mas, também cuidará da parte financeira, administrativa, contratações e outras áreas as quais pode não ter muito conhecimento, Algumas instituições abrem linhas de crédito para abrir um negócio, é interessante avaliar também este cenário. Outras organizações são franqueadoras e possibilitam uma base para o negócio, o que permitirá entender mais do mercado, começar com mais segurança e ter a solidez de uma marca com alguns anos de estrada. Empreender no escuro nunca é aconselhável pois, para conseguir reverter a situação depois pode ser bastante complicado, envolvendo todos ao redor.



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Luciane Vecchio

Autor: Luciane Vecchio

Psicóloga Clínica | Dra. Carreira e Propósito - Instagram @dravecchio | Especialista em Carreira, RH, Liderança e Empreendedorismo | Colunista de Carreira & Comportamento | CRP: 06/74914

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