Como não ser vítima de falta de respeito ou de assédio moral por parte do chefe?

E-mail enviado por uma leitora:

“Muito se fala de chefe-mala, chefe autoritário ou chefe incompetente... Mas minha dúvida não é exatamente esta. Eu acho que no âmbito das relações interpessoais, quando qualquer relacionamento começa a desandar (no caso do chefe em relação ao subordinado, seria a falta de respeito ou assédio moral por parte do chefe). No caso então, essa dinâmica foi construída tanto por mim como pelo meu chefe? Há determinadas atitudes que eu como subordinada poderia pôr em prática para que não seja vítima de falta de respeito ou de assédio moral por parte do meu chefe? Se puderem me ajudar, fico realmente agradecida.”        

Resposta:

Existe um perfil definido para o assediador?

O assédio moral pode ocorrer por meio de ações veladas ou explícitas, envolvendo relações hierárquicas, sendo algo que ocorre frequentemente, atingindo a integridade de uma pessoa.

Não somente agressões verbais e gestos explícitos podem ser assédio, mas também sarcasmo, ironia, fofocas e maledicências.

Como várias podem ser as situações de assédio, fica impossível estabelecer um único perfil de assediador.

Há algo que se possa fazer para não ser vítima de falta de respeito ou de assédio moral por parte do chefe?

A postura que exige respeito e que se coloca como alguém seguro dos seus direitos é a principal forma de combater o assédio.

Afinal, normalmente as pessoas ficam acuadas e demonstram medo, insegurança, acreditando-se até mesmo culpadas pela situação.

Nesse caso, colocar-se com uma postura firme, direta e assertiva vai mostrar ao assediador que as suas atitudes estão sendo notadas e rechaçadas.

Deve-se manter a calma, correndo atrás dos seus direitos visando, logo de cara, quebrar qualquer comportamento que pode iniciar uma situação de assédio. Ou seja, não deixar passar, mas, se posicionar sem medo de retaliações.

É importante controlar as emoções e usar a razão para, inclusive, denunciar o agressor.

Trabalhar a autoestima e estimular ações de conscientização

É importantíssimo entender que não há nenhuma atitude que possa ser o gatilho para o assédio, ou seja, não há culpa envolvida. Nada que o outro faça pode estimular esse comportamento, mas, muitas pessoas acabam acreditando que alguma atitude possa ter gerado essa reação.

O ideal, portanto, é buscar ajuda da área de RH, não apenas quando a situação ocorre, mas, tomando à frente no enfrentamento da situação por meio do estímulo às campanhas sobre o tema, por exemplo.

Seja você a porta-voz, levantando essa bandeira preventiva. Estimule em sua empresa ações informativas, afinal, ela deve ser a principal interessada em combater esses casos e manter um bom clima de trabalho.

Como isso pode ser feito?

Denúncia anônima: um canal de denúncia facilita o reconhecimento dos casos de assédio.

Pesquisas de clima: visam conhecer mais profundamente o ambiente corporativo e a cultura, compreendendo o que pode estar comprometendo a saúde dos colaboradores. Por vezes, pode ser que não seja falado abertamente sobre assédio, mas, se uma área tem um NPS baixíssimo no índice de satisfação dos colaboradores em relação à liderança, por exemplo, pode ser investigado o motivo de tal score.

Chefes tóxicos costumam ser assediadores: entender como tem sido a postura desse líder e atuar no suporte à mudança, é essencial, jamais “empurrando a sujeira para debaixo do tapete”, fazendo vistas grossas a esse tipo de chefe.

Implantação de cultura organizacional de combate ao assédio: se as ações são estimuladas pela diretoria, que mostra que se importa verdadeiramente com os colaboradores, haverá inibição ao comportamento assediador. Estabelecer e estimular o diálogo é muito importante para que o colaborador sinta que pode se abrir

Suporte psicológico: fornecer serviços de atendimento psicológico como benefício flexível é imprescindível não apenas depois que a situação ocorre, mas, para evitá-la.

Como combater situações de assédio?

Colaboradores, lideranças e empresa devem estimular a troca de informações sobre a situação e combater os focos de assédio.

Muitas empresas têm em seus quadros de liderança pessoas agressivas, que são conhecidas por serem “excessivamente focadas em resultados”, mas, na verdade, escondem por detrás desse perfil, comportamentos assediadores, como estabelecer tarefas com prazos absurdos ou ainda que os colaboradores não estão capacidades para realizar, por exemplo.

É aquele famoso “ah, ele sempre foi assim, é o jeito dele”, para desculpar atitudes descontroladas e agressivas.

Como se proteger quando a situação está ocorrendo?

Reúna todo tipo de prova: e-mails, mensagens de WhatsApp, por áudio e vídeo, ligações, anotações, dentre outros documentos, além de testemunhas.

É importante esclarecer que situações de assédio não ocorrem somente com mulheres, e não partem só de homens. Pessoas de qualquer gênero, em qualquer cargo, podem ser vítimas de assédio.

Conclusão:

Para evitar o assédio é importante mostrar uma postura firme e assertiva, se colocando de forma proativa, estimulando ações de conscientização.

É necessário combater logo no início o comportamento assediador e, principalmente denunciar quando o assédio ocorrer.

Nunca se culpar ou colocar a culpa na vítima, diminuindo o potencial do assédio é essencial, afinal, o peso emocional da situação, por si só já é grande demais para que a vítima ainda seja a responsável por algo que de fato não está em suas mãos.

As empresas devem estimular ações de combate aos comportamentos assediadores e aos diferentes tipos de assédio, sem fechar os olhos para a gravidade dessa situação.

Nenhum ambiente corporativo está livre de ser palco de uma situação de assédio e encarar de frente vai fazer com que a cultura corporativa seja fortalecida e novos casos evitados.

Empresas verdadeiramente preocupadas com a saúde dos seus colaboradores já perceberam que essa deve ser uma prioridade, gerando um ambiente seguro e saudável.

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Luciane Vecchio

Psicóloga Clínica | Dra. Carreira e Propósito - Instagram @dravecchio | Especialista em Carreira, RH, Liderança e Empreendedorismo | Colunista de Carreira & Comportamento | CRP: 06/74914

Luciane Vecchio

Autor: Luciane Vecchio

Psicóloga Clínica | Dra. Carreira e Propósito - Instagram @dravecchio | Especialista em Carreira, RH, Liderança e Empreendedorismo | Colunista de Carreira & Comportamento | CRP: 06/74914

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